SE NÃO TENS O QUE TU AMAS, AMAS O QUE TU TENS!
Se não puderes ser o ipê frondoso, ninho de pássaros, abrigo e sombra, que aparece (flor e ramagem) todo enfeitado de laços dourados, na faldas da montanha, nas margens das estradas, nos bosques e nas florestas, então...
Sê o arbusto! Debruça-te nas águas do múrmuro regato e sussurra segredos à brisa que passa.
Sê a relva que o som dos passos amortece, tão macia!
Sê o taquari mimoso, farfalhando ao perpassar da brisa!
Cada um, na sua modéstia ou no seu galardão cumpre um destino!
Não podes ser estrela? Resigna-te a ser pirilampo. Tudo é beleza para quem olha com olhos puros, encantados.
Se não chegas a perfeição das estátuas de bronze, acredita-me! Um par de sapatos pode ter o encanto de uma escultura.
Se a tua obra não é a perola de brilho puríssimo, pensa que a ostra faz um bem enorme, mesmo quando serve apenas de alimento.
Se fores lagarta hoje, trabalha e espera. Amanhã estarás entre a chusma colorida das inquietas borboletas.
Se tens voz, canta. Se não cantas, assovia. Se não assovias, suspira. Tudo é expressão das emoções da vida.
Mas, em cada avatar, que sejas o melhor entre os melhores, o melhor entre todos os teus pares, que em tudo há dignidade e honra, se exerces teu ofício com honra e dignidade.